Escrevo para êxtase de toda vacuidade.
As grandes erosões não são superficiais.
São profundas como o arado descortinando a terra.
Erosões sulcam rosto, abeiram cova.
As irrisões são fecundas.
Adube a horta do temor. Não a despreze.
O fundo do ser é como o do mar. Inatingíveis.
Ao sortilégio da solidão.
Perse codifica o vago e o impalpável amplia.
Ele retira a palavra do torpor verbal
liberta-a da prisão do significado.
O vazio para mim é um mar.
Se os visionários também apodrecem
o que resta?
Na desolação daquele julho ela
era uma rosa imperturbável.
Prefiro às vezes a podridão
à esperança comercial
ou à vitória bursátil.
A pura podridão é sublime e ambígua.
O podre é um estado preciso da matéria.
O problema é que até espíritos apodrecem.
Terrencialmente, às vezes.
Os ascetismos fracassam todos
devido à incredulidade ascética
e ao espasmo.
Nenhum vilipêndio arquitetara o amor
somente um avulso ser dizendo-se adeus
o apagara de seus arquivos malsãos.
Desista de sua alma (leitora apta)
enquanto é tempo. Enquanto há tempo.
Resolva o corpo na corrupção
alma dá trabalho, viciada em ressurreição
só lhes trará (leitora soberba)
agruras pós-túmulo (ou post-vitam!).
A crispação vira escrita.
O desespero não dá poema.
O alívio arruína.
Elãs são de palha cinza.
Nunca apazigue o delírio, incite-o
com vara curta ou óleo virgem.
As diarréias são oportunidades de criação.
Nunca transforme invectiva em bofetada.
Seja homem ou mulher de paz expressa.