Tudo erodia o homem
não fosse macio o amor.
Não me aprouve viver prosa.
Não me seduzem causas lineares
episódios doméstico, batalhas interiores passionais
orquídeas sem data, cores espasmódicas
vestígios anulares, incrustações úmidas
cavalos.
Resultante da inércia nova força.
Razões geométricas postergo todas.
Todo limbo é absurdo.
Creio em Deus e em Lezama (sobretudo).
Ante precariedade dos fatos absolutos
o homem, algoritmo do relativo, vige.
Homem, pasto da doxa.
Tinha tostões (vários) no bolso algibeirando
mas eram todos furados.
Creio na tarefa bursátil
e na vida eterna da usura.
A sociedade é uma comunidade de almas
que reúne corpos e sinas
e enleia
suas frágeis enteléquias
com visões já vencidas.
Caracteres seráficos
os detalhes contorno
com dócil grafia hebraica
descrevo dores e atribulo
o tempo deserto.
O que trago na cadernetinha
do bolso da bunda ou perto do palitó enforcado
são anotações do espírito
pensamentos do corpo
ilusões da alma (?)
confissões da carne (?).
Pássaro, prumo do voo, quilha do bico
anjo de asas terrenas, pena de ícaro
astrolábio alado, pássaro poema
de voo sextante e hímen de bússola.
Rumo de zodíacos Via Láctea afora.
O que deforma a visão
é a claridade. O excesso dela.
Porque distorce coisas e atos.
Porque ilude os objetos.
Gera aparência nítidas. Ou fantasmas fumos.
Enganosas, como se o visível
fosse tudo e o todo iluminado.
Aparenta acabamento (quando
é o que estagna).
O escuro treina.
Aperfeiçoa a visão a treva.
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