02
Sáb, Ago

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Há no rio memórias já lavadas

de impurezas cruas e demoradas

há sobre a água lumes líquidos e lendárias

incrustações de silêncio acorrentadas

a estilhaços de agudos sais.

 

Há labaredas rondando a madrugada

um pátio de calma, uma alma só e a lua

além do  rumor de sede que se abre

do vórtice de teu êxtase.

 

Há uma certa dúvida

e indagações fatigadas.

Talvez secretas convulsões de ira célere

talvez ilusões de muro

e cílios de trompa ou o amor

que sem saber o que é já arde.

                                                          à memória da água

Murilo Gun

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