O único diálogo socrático
que tem por cenário o campo
ocorre quando Platão encontra
Fedro ouvindo o discurso de Lísias.
Andaram juntos os dois
ao longo do Ilisso
e sentaram-se à sombra de um plátano.
Fedro no prado. Platão
na campina consagrada a Aqueloo.
Finda o diálogo com a Oração a Pã.
Perfume de alabastro.
Olor a granito
e cântico oco.
É que o gênio inspirado pela loucura
poética não proporcionava a Sócrates
o conhecimento explícito, racional, preciso.
Pois, só o saber explícito oferece e traz
fundamentos lógicos, que repelem
a poética loucura das palavras.
E condenam poeta a ostracismos
e dúvidas. A vieses e pensamentos laterais.
Certezas republicanas não são
da alçada dos nada sanos
vates que mudam as palavras
ao bel prazer do verbo visionário
e a sua metálica lógica desatam,
ao sabor do acaso
arruinando a frase e das cinzas de tais
lógicas arrancando a poesia.
{jcomments on}