Turbas urbanas abandono
busco das agrárias nascentes
demônios rurais
aos seios compassivos
das camponesas indecorosas vou.
Turras da cidade abomino
abomino avenidas lotadas
detesto aromas ruarentos
metropolitanos odores maus
de ataduras sem ventre
a dinastias cavalcantis vou.
Vou à busca nu campo do púbis da distância
estrada sorrateiro sigo
abdome de uma pereira procuro
graveto que ama o fogo é meu amigo.
Vou ao agreste de mim
na direção do frágil e da verdade.
A chusmas de pássaros oferecer
meu peito casto, minha ilusão valente
o milho de minha fantasia
a água febril do meu delírio.
Se me perguntarem amanhã
pelos ofícios matinais e primícias
darei meu nome como resposta
se me perguntarem pelas arruaças dos ricas
pelos caminhos maltrapilhos das metrópoles
distribuindo intrigas, amoedando usuras
direi que conheço apenas minha floresta.
ou a esquina de minha aldeia tão modesta
e que pasço os dias a ouvir
relatos de arroios
cochilo das sementes
rumor azul de messes
impaciente fluir de fontes
(a meus pés depostas)
a modo de córrego indolente
e às ribeiras de meu outubro subo
o naipe dos meses desesperados traço
e zodíacos entristecidos
e calendários engalanados
de tristes datas
em regozijo ao debacle da utopia.
A noites ouvir lua tocar cítara
com dedos de carícias
e fervores azuis irei
tocarei a sombra que foste
apalparei minha dor enorme
a me farei antigo como um ditirambo
ou o louro avulso de uma coroa transitória.
E fundarei repúblicas incoerentes
reinados sem ventre, impérios nus.
Findarei o poema convulso dizendo
felicidade consiste
em ver pastar bovinos na campina insone
sentir levezas do voo de borboletas no terraço da vida
olhar arrodear dos cálices flores
por abelhas no botim do néctar.
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