03
Dom, Ago

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Prece açoita orelha

boca acoita reza.

Noite não tem sentido

macula a voz com jorros

de tristezas litúrgicas

amacia almas torrenciais

com sumos musicais ilude o fim

(suspende a seiva viva do início

e tudo o que escape do mim).

Cristo de cânhamo entre rosas floresce

sob guarda de juncos amorosos

e doa grinaldas de Sua dor ao mundo.

Despe-se das chamas e dos cravos e oferece

linho de Seu sangue aos amantes.

 

Sete sílabas de sal

nove ladaínhas noturnas

treze vândalos ângulos

e uma geometria azul.

 

A beira do abismo é pura

inteira, quase perfeita, acinzentada

cilindros breves repousam

em seu lábio esquerdo escuro

a vala do esquecimento é dura

pois o abismo é mais profundo

que a alma, mais longo

que a vã desmemória.

Estou dentro da sombra junto à beira

noturna do abismo

e a descrevo sem amparo do sol.

 

A verdade poética é a que se encarna

numa significação flutuante.

 

Nada detém a poesia

nem estrofes certinhas

nem o maquiavélico cálculo da palavra.

{jcomments on}

Murilo Gun

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