Tua pele arte, teus ângulos de carne
curvas ósseas, estruturas ávidas lascivas, linhas
retas, rotas, certas, espertas
Tua pele arte, teus ângulos de carne
curvas ósseas, estruturas ávidas lascivas, linhas
retas, rotas, certas, espertas
Mãos sepultas como portos
entre mares de porcas pérolas
ânsias afagando-se
O semblante líquido ou não resta.
num retrato esquecido na distância
teu rosto antigo está espalhado na sala
Pelo Orco abisso se esgueiram
sombras e sombras de sombras
as pobres sombras dos homens.
Onde se cruzam cinzas começa
o drama ingente da vida. Como o nada termina.
Se vives à imagem do verbo, és.
De que sopro, de que FIAT Deus faz-se?
De fragmentos do fogo roubado veio o homem.
Cavalos frios atropelam o inverno.
De pão e vinho vivem os anjos
do céu barris ocupam a mesa de Deus
lotam as dispensas mais altas.
Não me entendam, por favor.
Se não me entedio.
Meus poemas não são pour épater... e nada mais.
Creio no papiro e no escuro (sou poeta)
fluxo de lágrima movediça do pranto
lírico (e irremediável) não aceito.
“Pelo eco da tarde e baixinho
soam nos juncos flautas do outono
sombras de bosques vermelhos ressoam