Ondula o pensamento
como corvo no ar noturno
vazio aumenta o amor e arrebenta
Ondula o pensamento
como corvo no ar noturno
vazio aumenta o amor e arrebenta
Os lábios espessos do outono
perdem o viço
acrisolam o corpo
à noite material da alma
à noite primal da poesia
Indizível felicidade me traz a noite do Retiro.
A poesia absoluta, isto é, de significação formalística ao extremo, distancia-se tanto da poesia popular quanto da hoje denominada culta (que é neoposparnasiana).
Observo o torso das minúcias
seus ângulos mais obtusos e escorreitos
as anáguas de seus dados mínimos
Por que escrevo (pratico, faço, urdo) poesia?
Porque vou morrer.
Faço, armo, crio, componho
Manam fontes do meu desejo
ante a desordem dos círios enlouquecidos
de funéreas brasas mortas
Na poesia absoluta, repete-se apenas a ideia mallarmeana de que o verso constitui in totum uma palavra e que o mundo termina num livro (contém-no e o incontém),
À vida do espírito
tão pobre, se proba ou não
tão menos nobre mas aberta
Quanto crueldade leva a luz
a iluminar a morte
declará-la como estipêndio