O poema, fenômeno da linguagem, não pode simplesmente se tornar plenamente transparente à lógica, pois está além dela. E muitos poetas não absolutos são servidores caninos da aristotélica lógica, não abrem mão da completa e exaustiva compreensibilidade do poema (como peça prosaica).
O poema é concebi como sendo o nome da boda forma e conteúdo, manifestada tal núpcia linguística em fenômeno que podem ser transparentes, sob pena de desdizer seu fim,
A poesia não é capaz de nada. A poesia é capaz de nada.
O poema neoposmoderno é atemático por natureza. Isto é, não se pode (nem se deve) ter ideia do poema. Aviões derrubam torres gêmeas: vou fazer um poema. Mas ou meu neto. Tome poesia. Idiotice tice.
O poema de preferência deve se referir a algo desconhecido e exceder os próprios limites da expressão. E nunca exprimir cautelosamente o conteúdo que o poeta pretenda capturar. Nunca, num poema absoluto, restrinja a linguagem à sua função de expressar preposições. O que tornava infinita a poética de Holderlin era o seu desprezo a proposições e enfeites gramaticais. Qualquer forma de expressão é finita caso repouse sobre o uso referencial estrito da linguagem. É preciso ter coragem para ser poeta. Porque a beleza é difícil. O mau leitor de poesia tende a reclamar do hermetismo, da initidez, da metáfora não banal, da poesia melhor.
A utilidade de um poema absoluta beira o zero. É o menos a se esperar de um poema o útil.
Poema não de ângulos escassos
prostituídos, escravos.
Mas de estaparfúdios significados
e o mais inítido possível. Nada palatável.
Comece o poema desprovido de sentido. E pronto.
Os outros não podem estabelecer, fixar, regrar como deve ser o poema, porque ele é incompatível com a descrição de um fato ou ato (de grande emoção ou não) e com a verdade dos fatos.
Não há poesia em descrições ou sentido único.
O poema absoluto insignifica. E brota de uma teia de predicados. De uma totalidade de predicados.
A poesia antiga (do século XX, inclusive) era bem representável para ser melhor perceptível. E sensível. E real.
Segundo Holderlin, a poesia, meio de expressão, rompe com a cognição puramente dirigida ou destinada ao objeto e baseada na verdade, para mostrar aquilo (isso) que não foi ou pode ser dito.
Não há nada antes ou depois de revelar o sentido do poema. Só há a revelação em ato.