Escrever é afirmar a solidão, é
reencontrá-la na página
e bebê-la em golpes de lauda
escrever é conversar muito com e sob
a solidão a escrever.
A solidão é o extremo do
absoluto fascínio do vazio
vivo, contemplação de si, não do outro.
Às flutuantes, irredutíveis
substantivas esculturas
submersas de Giacometti
postas em silêncios incessantes
e ásperos puros e frutos
do gesto imaginário.
E do cinzel absoluto.
Ébrio e antropofágico (e seco)
carente do prazer, presa do cio
como tua carne molhada.
A ascese é uma mulher.
Orelha acoita prece
açoita reza rosa o lábio
oração se evade da boca.
A ampulheta de Proust é o imaginário.