Do amor ao escárnio
há um passo
dana-se o dardo
a distância do amor ao escárnio
dura o tempo de um desmaio.
(Poema não é farto de finezas
como pus de longas feridas
é duradouro como o amor doente
pois panaceia não é feita de panarício).
É delícia sofrer-se se
o for à sombra de uma flor.
Touro frígio
banhado de lírios
sob cítaras cavalga
para o centro da rosa
de larga formosura apenas
coroada de luzes e colares
de sol servil.
Caterva de alentos
critérios de acanto.
Senil sal abandono o corpo pela terra.
Catálogo de sumos e signos
o poema.
O dardo que Afrodite lança
é de guirlanda
o de Eros de grinalda ereta (e cor de viço).
Há formosura de fogo
em teu rosto vazado
da truculência do gozo
há tremular de morte (pequena)
em tua carne agônica
que punhal da volúpia crave.
Em teu espírito há liberdade (de volúpia).
Eis que nuvem de primavera
no céu desenha púbis
entre trêmulas estrelas
de êxtase taurino.
É a frágil donzela de Abidos coroada
de rosas fanadas.