A destruição de Cartago
fogo cartaginês virando cinza
foi-se como nuvem do céu vadio
crepitou o túmulo de Aníbal
seus ossos tornaram-se pássaros
o sal largo do seu peito
de onde medalhas de sangue brotaram
virou harpia e descorou em azul
a treva que brilhou de seus olhos
era feroz
as chamas heróicas do coração
se apagaram para todo o sempre
suas batalhas eram deuses
que nele se entocaram.
Recordo agora sua garra, sua fúria
o som de seu escudo contra imigas lanças
e o adro duro do seu rosto
e a nudez de sua dor vencido
e o sorriso aberto e lauto de seus inimigos.
Deleta Cartago, apaga seu nome
olvida seus feitos, negue-se a história
do eterno Aníbal
que escravizou povos
e subjugou o mundo.
Não sara a memória.
Não cede o ímpeto.
Os fatos passam. Os feitos ficam.
O de Borges e o de Aníbal.