O que não faz a Poesia Absoluta?
O não ser poema.
A ela, dá-se o poder (linguístico, original, criador)
de abstrair, reduzir
uma coisa, palavra, verbo
a um traço (de si mesmos) unitário
a uma linha (não de horizonte de sentido)
a um verso (ou a um transverso)
(em algo atonal, sem sentido, pleno, rico, oco)
para libertá-los
de aparências, fantasias, máscaras
e assim remascará-las (superiormente)
refantasiá-las(dialeticamente)
fazê-las reaparecer novas.
(Assim como o capitalismo solapa(-se)
o poetismo (ou poeticismo) comercia com a alma
e edifica-se.
A Poesia Absoluta é totalmente antiatomística
(alquimista mística, orfeica, cabralina, inteira)
e dividual unitário
e rende o excesso, debilita-o
desprosaica, dessentimenta o mundo
(e tudo aquilo que o mundanize)
desavilta e supranumera o todo
e o tudo, a alma e o corpo carnal
movidos pelos reatores do desejo.