Comecei a costurar essas palavras prolegomênicas no banho. Enquanto me ensaboava, a mente (limpa) desandou pensamentos (impublicáveis, porque nus), e sinapses ou insaites e reflexões relâmpagas atravessavam o fluxo dos chuviscos.
Completei-as quando usava no raro cabelo o novo shampu que promete longevidade a cada fio em particular. (Como os possuo poucos, o produto francês invencível, mesmo sendo caro, per cápita sai bem em conta). E enquanto alisava as madeixas carinhosamente pensando em Pope – com esfregões macios – já findava quase esse cru proêmio. Surpresa foi não esquecer o texto vindo à luz do banheiro para meu caderno mental úmido.
TÍTULO
Pensei em Frases da Lua, Monósticos de Carbono (por ser a maioria das peças de um só verso ou linha ou como disse Eliot: “one verse poem”), mas optei por Bando de Mônadas, não sei por quê.
NÓMINA DESSAS NOTAS
Ao conjunto, nomino-as nuamente Inexplicação ao leitor, e dedico à Hipócrita Leitora de minha parca ou pobre obra.
Porque são notas inexplícitas de um fazedor de poemas, que visam atordoar, ou melhor, clarear a treva textual, abrir caminhos sem rumo à selva significante, em que possíveis (mas improváveis) leitores se arrisquem tentar imiscuir-se ou inutilmente explorar.