03
Dom, Ago

destaques
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Como a Valéry, os acontecimentos aborrecem VCA e perturbam severamente a atividade de combinar insólitas palavras solitários ou não.

            O que resulta na disjunção de palavras acostumadas a casarem-se.

            A separação e compulsão de substantivos amasiados há séculos.

            Em VCA, poeta deve ousar e manejar, paradoxalmente ou não, insólitas e irreais atribuições de qualidades a um substantivo virgem ainda de tais predicados desastrosos e incompatíveis.

            VCA considera de partida que todo óbvio é inconsistente, além de ulular.

            Verdadeira e súbita romaria célere de palavras se instala num uníssono sem precedentes da boca da noite da página repleta de mandíbulas verbais (ao acaso dos dentes da hora).

            E um vir-a-não-ser vem.

            Arca de ventos como cardos nus abre-se como voo de condores andinos. De altitude alumiados. Sufragando cordilheiras de cera em rasantes vitais.

            E vem daí, então, o conselho do poeta. Se entregue à resistência do verbo. Os signos não resistem à pressão do poema absoluto. À irresistível inelegibilidade precisa do poema de flutuante sentido, como borboleta serena.

 Deve-se buscar, sem hesitações ou rimas, sem sins ou nãos, sem mais nem menos, sem elucubrações de sentidos aproximados ou não, poesia de alta performance. Caminhos do absoluto poético.

Basta – ou resta reorientar o cérebro para resultados poéticos complexos, sacrificando poesia sorriso da sociedade, poema de sentido prévio pré-fabricado, fácil, dirigido a ordinário entendimento de leitor mais fácil ainda que busque no poema relatos, descrições e histórias de sentimentos, medos, frustrações e triunfos, senis ou não.

Não, nunca, jamais desperdiçar o potencial da palavra, realizando o poema exponencial e elevando o patamar da bendita incompreensão poética tal como não há na prosa com raras terras de exceção criativa.

O projeto da Poesia Absoluta é real, infactível ou não.

No fim das contas, zero (à esquerda do começo).

Não dê – irresponsavelmente sentido a poema, pois desperdiçará o potencial da palavra desrealizando a poética e desperdiçando a potência (in)contida da palavra...

Poema que orquestre a aleatoriedade do verbo produzida pelo desempenho do ID no campo da criação poética, que a lapida. 

Murilo Gun

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