Na profana ágora, adro castanho
praça em que poreja multidão
a um crucifixo de metal fidelizada
agora jaz luz de vela lívida
em soberba bacia submersa
cercada de cactos e agrotóxicos
dos negócios da fé e do perdão (cura e usura)
das vidas sonegadas no aluvião do lucro
incessante como oração
que do lábio como milho reboa e ensaliva
e extática (ou falsa) prostração multiplica.
Da pátena de que lábios crus beberam sangue
como vampiros reste impune sombra, vinho hipócrita reste.
Toda essa festa imperdoável: baixou o preço da compaixão.