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Dom, Jun

destaques
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Que véu não ilude

ou fonte nunca seca

que barro amolda

(o nada e o grito)

que cimo não sonha

com céu ou o abismo

que poço d’água funda

não recolhe estrelas trânsfugas

(e do brilho molhado

não se extasia)

qual pássaro que

não ame cítara

e noite não ceve treva

que rio águas impeça

de correr ao mar

(que é morrer)

que lei proíba alma

de grunhir à lua?

Solitárias flautas presa

do jângal das sombras mudas

ou das selvagens cantatas da claridade

(das vorazes sonatas dos pássaros pendor)

flautas carnais de sons ósseos e cautos

de que derivam multidões de acordes

miríades harmônicas

flautas fuzilando gritos e fugas

redimidas canções

violinos azuis encelados

de sons agrários e óperas rurais

espoucando das harpas magistrais do tempo

increpando céus

e luas de agave consolando.

Ósseos tenores

rumores de prata

arreios

de áureos

tumultos de cobre

cobrindo o poema

da pátina macia

das canções alquímicas natais.

 

(A argutas percepções ofertados

acepipes poéticos

e outros lavores ilesos

além das safras ardentes das palavras

que insensatos sentidos endeusam).

Do êmbolo brilho ébrio

crótalo de vidro estranho

da amêndoa a carpo doce

hiato de papila úmida

sílaba de unguento longo

das flores de ferro

erótico cromatismo

vertigem lasciva

dos dedos ávidos (e úmidos)

dedilhando rósea vagina

 

da corbelha de palavras

flor de colibri do poema

do teu êxtase gozo aberto

de tua pálpebra fechando-se sono lascivo.

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Murilo Gun

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