Onde está a obra de máquina
em que chip ela esconde?
O que realmente o poema absoluto cria na página são linhas de desmontagem dos sentidos... e o produto final é o texto decerto desmoronando como areia marina dos castelos da praia (e leitores enlouquecidos pelo desastre de sua percepção relativa).
Pois o sentido está exatamente em produzir dessentidos razoáveis, como bem Rimbaud previu, quando disse-se: pelo desmoronamento ou transmudação de todos os sentidos (do poema).
A máquina pode dar cadência ao homem, regular sua vida, horários, gestos... e desejos, mas não no caso da leitura de uma (bem ou mau) poema absoluto.
Porque este é incadente (ou melhor, decadente) e traz o sentido entredentes, além de ser totalmente incrédulo, pois sim. Exemplo: “Por que Deus inventou a morte não foi só pelo pecadinho da Eva (tão inocente) e fominha de Adão, não! A serpente entrou na história não se sabe bem porquê”. Outro: “Suicidou-se ontem em Londres a taxa de câmbio suíça, que estava de passagem pela bolsa de valores centrais da velha Álbion. Caiu de súbito fatal de uma altura (piramidal) irrazoável e incalculada pelo agiota de hoje. (Sintomaticamente a debênture quebrou o fêmur)”. Quebrei a forma ou a firma poeta? Viva-se com essa incerteza crua versus dúvidas atraz.
Se o ímpeto do cronômetro variasse como o da veia de um hipertenso (de qualquer sexo), o que aconteceria com o tempo humano?
A pressão do tempo criará o hipertempo?
Se o tempo que mede juros passa diferente
é porque é mais rápido para develos
e mais meroso para o credor.