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Dom, Jun

destaques
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Onde está a obra de máquina

em que chip ela esconde?

            O que realmente o poema absoluto cria na página são linhas de desmontagem dos sentidos... e o produto final é o texto decerto desmoronando como areia marina dos castelos da praia (e leitores enlouquecidos pelo desastre de sua percepção relativa).

            Pois o sentido está exatamente em produzir dessentidos razoáveis, como bem Rimbaud previu, quando disse-se: pelo desmoronamento ou transmudação de todos os sentidos (do poema).

            A máquina pode dar cadência ao homem, regular sua vida, horários, gestos... e desejos, mas não no caso da leitura de uma (bem ou mau) poema absoluto.

            Porque este é incadente (ou melhor, decadente) e traz o sentido entredentes, além de ser totalmente incrédulo, pois sim. Exemplo: “Por que Deus inventou a morte não foi só pelo pecadinho da Eva (tão inocente) e fominha de Adão, não! A serpente entrou na história não se sabe bem porquê”. Outro: “Suicidou-se ontem em Londres a taxa de câmbio suíça, que estava de passagem pela bolsa de valores centrais da velha Álbion. Caiu de súbito fatal de uma altura (piramidal) irrazoável e incalculada pelo agiota de hoje. (Sintomaticamente a debênture quebrou o fêmur)”. Quebrei a forma ou a firma poeta? Viva-se com essa incerteza crua versus dúvidas atraz.

            Se o ímpeto do cronômetro variasse como o da veia de um hipertenso (de qualquer sexo), o que aconteceria com o tempo humano?

            A pressão do tempo criará o hipertempo?

            Se o tempo que mede juros passa diferente

            é porque é mais rápido para develos

            e mais meroso para o credor.

 

 

Murilo Gun

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