Escave seu id diariamente.
Sem a pressa que aniquila o verso
mas não descure dessa providencia
magnifica que o salvará
dos desmandos do ego moroso
e burocrático.
A escavação do id revela riquezas sem conta
pérolas loucas, tiaras esquizofrênicas raras
Além dos impulsos do recalcado Freud
além das safras arcaicas da sombra de Jung
novos conteúdos poéticos se revelam
resvalam dos açudos do id à superfície da página
percepções cognitivas assomam.
A flor tenra do espírito abrindo
profundos caminhos atávicos
e estradas ancestrais das conhecidas.
Nada me abate mais
do que o touro de teus olhos tristes
lançados sobre o corpo
de velhos restolhos
e escolhas escuras
ou indomadas
manada de indomadas sombras.
nada me atiça mais
(do) que teu lábio árduo mordendo-me
o falo civil buscando em uma boca
marcas de antigos sais dovolutos
já quase extintos da sede de mar
que eu tinha.