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Dom, Jun

destaques
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 Tenho interrogado minhas veias (tão vãs como a vida) e visitado as sombras

além de parlar com fontes inverossímeis

e meditar ao meio-dia de pedra a implorar

deleite ao coração foragido

e suplicar ao tempo pela noite deserta.

Aprecie jardins submersos no crepúsculo

e busques celestes amurados no painel do ser.

Em forma de roxas alamedas do corpo.

Sou filho de maio silenciosa

testemunha de lírios em seu trabalho brutal

de florescer todo dia (sem cansaço ou culpa).

Se o tempo não tem sentido (como o poema)

se estrela errantes fogem para a primavera

por que haveis de amar-me?

Se me prostro é que a noite invade o corpo

e, se me resta alguma lágrima, eu a escoo.

  

Não o ilumina lume do músculo

os traços do rosto tornam-se líquidos

(pois a infidelidade espreita brutos)

despedaça as tábuas do instante o peso do tempo

desembarcam nos dunquerques de Bizâncio títeres 

a urnas fúnebres dedica cinzas

ao intestino íntimo entrega

sílabas de fúria

e júbilos colhe

da safra de penumbras

 

e gregos loucos empunha como verbo.

 

 

Murilo Gun

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