Tenho interrogado minhas veias (tão vãs como a vida) e visitado as sombras
além de parlar com fontes inverossímeis
e meditar ao meio-dia de pedra a implorar
deleite ao coração foragido
e suplicar ao tempo pela noite deserta.
Aprecie jardins submersos no crepúsculo
e busques celestes amurados no painel do ser.
Em forma de roxas alamedas do corpo.
Sou filho de maio silenciosa
testemunha de lírios em seu trabalho brutal
de florescer todo dia (sem cansaço ou culpa).
Se o tempo não tem sentido (como o poema)
se estrela errantes fogem para a primavera
por que haveis de amar-me?
Se me prostro é que a noite invade o corpo
e, se me resta alguma lágrima, eu a escoo.
Não o ilumina lume do músculo
os traços do rosto tornam-se líquidos
(pois a infidelidade espreita brutos)
despedaça as tábuas do instante o peso do tempo
desembarcam nos dunquerques de Bizâncio títeres
a urnas fúnebres dedica cinzas
ao intestino íntimo entrega
sílabas de fúria
e júbilos colhe
da safra de penumbras
e gregos loucos empunha como verbo.