À luz hermética do verbo vivo.
A loucura do poeta está na palavra.
Nas palavras que criam o tempo.
Não nas palavras que gastem a hora.
Inóspito verbo absoluto
Espere-se algo destoante
e vem algo destituinte...
o que é desconcertante.
Viva o desconcerto.
Conserto para ele.
Felizmente, não há luar.
Hermética luz tudo ilumina
desde cantos áridos a canções de granito.
Dobrou o cabo do desespero
esperou o trovão em vão e golpe
de relâmpagos que não veio
(veio o vinho, veio a veia, a sede veio
e o uivo do aurífico velo)
ao vazio de si se transmudou
indolente e fatalmente frio perfurou
com propriedade o aicibergue do espírito
assaltou o arco-íris da lauda
vergou o lodo do delírio
sobre amêndoas distantes flutuou
o intimorato murmúrio buscou.
Servo do mar dos teus olhos
me alumio da volúpia de ser-te.
Dos teus olhos, amiga perdida, brotaram áridas
labaredas extremas encarnadas
(luzes de desejos rurais ou azuis)
e iodos vilíssimos brotaram.
Além dos lodos de sempre.
E vinhos vieram de teus lábios tintos de líquidas lascívias
(odres sedentos com dentes de orgasmo ou mandíbulas de volúpia)
fontes osculares, oráculos de carne
a meus dedos também líquidos dedicados.
Banhados teus seios eretos
pareciam maçãs de Eva
que Adão mordera.
As aréolas impetuosas
não sobraram em minha boca
(eslava e lasciva).