O que ocorreria (de bom ou mal de melhor ou pior) à poesia brasileira atual (?) se um poeta fosse apresentado a um chanceler?
O que desse encontro insólito decorreria? Será que o ministro de todas as relações exteriores (e Perse foi tal) chancelaria a nossa pobre poesia, acorrentada à cauda velhíssima – muito além de arcaica – arcaissíssima do neoparnasianismo brasileiro resistente, essa serpente incolor e de mandíbulas gastas... e incisivos falsos?
Eis o presente poético brasileiro juncado de tédio poético – que precisa passar depressa.
Todo o meu desapreço (fiel e integral) dedico a tal poética superveniente e plena de atraso. Em que Brasil ainda rime com anil. E real com anal.
Promiscuidades (com as palavras, em primeiro lugar), vinde a mim, bem verdadeiras!
O acaso é cego. E não há oftalmologista do destino que resolva tal cegueira oportuna.
“No racionalismo dos poetas está sempre presente a nostalgia da loucura” Lêdo Ivo.
Como é o fluir – rítmico, mecânico, descontraído, descontinuo, metafísico, cartesiano, quântico, lógico, dialético – da eternidade?
Como é o fluxo (saltitante, lento, penoso, horário, anti-horário) do relógio eterno. Suas catracas são lixentas, os êmbolos abomináveis ou cautelosos?
Passa o cortejo das palavras no teatro da página. Séquito que vai à alma. E volta – retorno vérsico – à página... em forma de deformado poema absoluto.
À velhíssima (viva e resistente) superstição da igualdade humana.
A tristeza já não é mais ferroviária.