Caminho na praia noturna de Boa Viagem
(há 50 anos, a 170 metros, inexatos
da Biblioteca Borges – vizinha ao
quarto onde Gun nasceu em 1985)
vi uma metáfora enorme na areia
descuidada (e meio que assustada, talvez)
o mar noturno um pouco crispado como um círio levou ondas
às areias diamantíferas de B.V.
o que resultava no parco desespero
da metáfora abandonada.
Então com filológico zelo recolhi-a
(a meu velho alforje de plástico)
e levei-a ao livro
de onde escapara.
a Eduardo Melo, o herói das lavadeiras