Alguém tem meus cílios leprosos
alguém fechou-me as pálpebras velozes
as portas, as caixas, o futuro
alguém dourou meu outono
com ourivesarias falidas
com pérolas crápulas
ouros tolos
esmeraldas perversas
falsos marfins
rubis devassos, ardis
com safiras impuras
alguém decorou meu ocaso
com cor de tânato
alguém demoliu meu nome
e ao pó entregou meu rosto, quem?
E alguém roubou os cálices
dos lábios da náusea
fez fulgir o abandono
fez o vômito luzir. Quem?