Escultura o homem
com pá do sopro o Senhor
a seu relvado peito ata
reflexos do sol alevantado
e brilhos másculos
de pudico rubor reveste
Sua arte o Senhor
a delicada (e úmida) sedução do lábio
(de que Monalisa seria modelo retrógrado)
entreaberto a morder
seio da mulher dedica atento tempo (já criado)
o mor-Criador
que pela cera muda pedra casta
pareça que fale pele e peito ore
voz esculpida da garganta do mármore
assemelhe.
Dá-lhe, Senhor, esterno e mão de Mercúrio
coxas de Hércules puro
pernas aguerridas de Pólux
de Ajax veloce rapidez na pegada
da erótica batalha pelos trunfos do orgasmo
astúcias de Ulisses (ante Circe, Nausicae, Penélope)
(loucura antiga de Dioniso)
e sobretudo ânsia de anjo.
Dá-lhe, Senhor, espada para guerra do amor
Fá-lo, Senhor, algo que lhe enrijeça o sangue
zele a beleza do homem, Senhor
esculturando-lhe falo intenso
emoldurado de sulcos e nervos vastos
cilíndrico e potente bastião de carne
entre pernas amuralhado pela pelves
assemelhado a canhão e bateria
lance luz de sêmen
para que do escuro útero adentre
e óvulos acerte. Como semente.
Na foz das pernas
em estuários de pentelhos
crinas onde repouse amor fêmeo
(e o feminino matagal encontre
coxim e umidade ardorosa)
órgão delicado ereto esculpa
Senhor da arte lasciva e bela
colorado do púrpuro ardor do sangue
que o levante com o sol da manhã
à força lúcida dos testículos duplos
para que mulheres o contemplem
dele aspirem, nele cavalguem (e espojem)
infinitamente.
{jcomments on}