Jovem gueixa foge como gamo nu
lua chinesa em maio espreita
louva-a música dos gumes afiados
por maestros de navalha e paleta ou batuta afinada
crótalo do sol matinal a assusta
nas canções de junco se aninha
do útero do caule surdo compartilha
terna tarde não a consola
cores do pôr do sol em rubra panóplia
acenderam-lhe os olhos mortiços de cio
e adamantino pajem joga-se
sobre gueixa bela
eva do poeta pescador
de insensatas palavras
a erguer édens orientais
dos ósseos sons da flauta da lua.
Ela caminha entre água e gado
entre meadas de sentimento vão
na tarde náufraga irrepetida
sob rosas jaz coração do touro
que a possuiria.
Teseu foi apenas desculpa
para Ariadne aventurar-se
nos novelos e bordados do labirinto
ovelha desejada pela fome minotáurea
não minoritária ou monetária
vagando pelos corredores perdidos
sinuosos e sinceros de seu lar
vagindo por intrincadas sombras
do seu útero de pedra
(Pasífae foi mãe muito humana
inumou-o (ao Minotauro fruto) numa bacia de treva
no interior dos musculosos muros
espessos repetidos incontáveis
do lar natal do touro mítico.
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