Indago do íntimo poético ou do duvidoso id
vital ou não ainda por que hoje tanto se
anuncia a morte da palavra, tórridos
enterros de verbos sucedendo-se como diurnos
réquiens lascivos beirando pomares sórdidos
porque tais ineventos soam quais ondas
de bruma e certezas de coentro
e invadem a veia do tempo.
Seria uma derivação gótica
morte tropical devido aos escândalos
jurídico antecedendo alguns juízos finais
afinal ou nova espécie de medusa legal?
Ora a morte tropical é diurna e óbvia
para merecer rito áspero ou moda.
Tanto averiguar poeticamente o artefato.
Porque hoje são cor-de-rosa os abismos
e os lábios lilases camuflados de urzes
nas vitrines dos êxtenuos magazines
que escaparam das cinzas velozes
porque o voo da imagem vai ao gume do ídolo
de lata e a narina do vítreo cenógrafo
ao éter mais alto
provavelmente não buscar sofreguidão e oxigênio
e porque exatamente o voo imagético do hit
parede das lojas dolentes compete
com pássaros interiores ou complete a alma
e vai ao puma que mora na íris dos loucos
porque para desaforo do tempo desonera horas
demole cada bloco cúbico do imo do estações
e cada prego corrupto das tribunas parlamentares
o cravo das sentenças dobra na presença do féretro
a mora, a ira, o juro junta no grito
atrabiliário da alíqueta do tributo oculto do espírito
desonra e viscera o intestino ético
o intuito detrata e promove o ingrato
porque urge a alforria do infinito
e mesmo porque seja o aniversário
da eternidade do outono (a cavar-me as veias)
porque as estrelas morreram ontem
o crepúsculo enforcou-se no último galho
ou graveto esquálido do sertão com nó árido
(ao enterro do ocaso vieram andorinhas sedentas
e beija-flores de bicos amputados
além de gaviões em veraneio e ostra extraviadas)
também ás exérquias do poente do norte
chegaram coivaras de cores mortuárias
e as últimas hostes da tarde que se dispensaram
bem como macios cardos de seda consumidos
porque cemitérios floriram repentinamente
e cadáveres recente se dispuseram
assistir a inumação do crepúsculo
porque as ameias dos penúltimos castelos murcharam
sem assédio dos fervorosos guerreiros
de alma de malha e lodo vário
porque adros de igrejas vagaram
sem ímpeto eclesiástico mais versáteis
exonerados pelo pálido diácono
imperando na terra desertos eclesiásticos
porque os corações como cavalos dispararam
da hara do peito desertama varões inservíveis
porque almas rebeladas libertaram estrebarias
sem limpeza ou apelo consútil
porque os bens e as heranças
os valores e os legados naufragaram
nos açougues de sangue doloso
das lautas providências de sempre
e inútil como a hora de morreram
as palavras uma a uma deste poema cristão.
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