jorro de água abata-me sede árida de ser
irredento até a saciedade do sublevado espírito
auge líquido de sombras de pedra, igreja de anjos
esdrúxulos recalcitrantes presa de osteoporose do espírito
indomado como os minérios da alma, agulha de palha, incêndio de lata
amarelo esgar do vômito, certeze de nada , tudo é putrefato
relva de vidro, folha de limo, sódio da morte, doce fel
ungir do cão, unção do sal, lugar da dor luzir do sim
verdade na manga, agonizar de luz, idade da desventura
cristal solitário, adega escura, vinho posto, mostorápido
céu investido, eco gramático (do mar), antúrio
e garbo, penélope e safo, árido desdentado, a cal
e o fulgaragreste, unânime pesadelo, vertigem lúcida de
novembro, vício aberto (e redondo), tumba rômbica
túmulo sírio, sepulcro cálido, mausoléu de baralho e aborto
presença vaga, anjo bêbado, raça escura, outono dos dedos.
à palavra rosnar
Lento crepúsculo de outono (e sua
sonolenta cor de abelha e ervilha
enlatada) há no teu rosto
de desventura e anos
de abandono
de teus olhos vem
rumo de luz extinguindo-se
pássaro de sono os circula
rua sem saída
túnel escuro
som mitigado de cansaço
ovulando
no sino ótico
da catedral dos olhos.
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