Corte rotundo
da árvore de veia desprende-se
folha cortante de navalha
narval estocada súbita
qual lampejo de tempestade ébria
rubros cúbicos brotando
como regatos descendo
colina abaixo da pele aberta da alma
a despedir reflexos carmins
vermelho e oblíquo esguicho
ao céu levantado
como pássaros destroçando-se
em afiado tenso precipício rubro
não branco porém macio
a doce pele da alma desfolhada
como rosto do outono rasgando-a
em cru pedaço de temor.
(A epiderme casta em choque exímio
ou blasfemo).
Após respirações crepitantes
(do ofegante juiz final estropiado)
o jorro de coágulos de sangue
gotejando nacos hábeis
como pedaços de pedras rubras
feridas pela morte (do rosto
sulcado por regatos de fúnebre sombra).
A mais secreta veia (doce) do coração
cruel busque estertor vital alcançar
enquanto
espiche o sopro no sempre rumo cego
turvo abominável e puro
até o crepúsculo frenético da dor
e crucial (em farto ribeiro rubro) borbulhando
de temor escuro
desenterrado da alma
via carótida esfaqueada.
(Do ciclo 15°C)
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