Vital tem o propósito (irrecusável) corrosivo
deliberado, mesmo apodítico, ou torturante
de obrigar a palavra (no poema) a
dizer o que não quer e o que nunca o
disse. Isso é, além de constrangedor, absurdíssimo.
Martirizá-las: as pobres inocentes servidoras
dos homens, com suas denotações intactas
que ele distorce, em nome
de aventuras conotativas. Ele, vital é mortal – e rimal
essa mania de absoluto, álibi que usa
para constranger palavra dicionária
em seu estado denotativo pacífico eterno. Tudo
o que não figure no destino estrito das
palavras de significar, doar a coisas sentido exato, claro
definitivo, vital extrai a fórceps. Depaupera.
Desanda a desfigurar
picasseana e brutalmente vital.
E ainda se diz poeta absoluto. Impiedade!
Que os dicionários, juntos, se protejam de
novos vitais (que ele anda a semear
dolosamente por inteiro). Contrário às
inépcias e aos dons bursáteis das
palavras, Vital é indecoroso. E impertinente.
Aliás, impertinência é sua marca (aliada
incongruências). É viciado, sim, em ambiguidades.
Tarado por sinédoques.
E bebe do vinho do paradoxo, com usurário de
tira-gosto de oxímoros amanteigados e cobertos por
doses assimétricas de imprecisão, no que
diga porventura o coitado poeta.
É voraz em diatribe e incentivador
inconsciente de ovos verbais, capaz
de criar palavras como: anomalar
concavar (tornar algo côncavo) e espalhafatar
(-se, a ele mesmo, palhaço poético).
Tenho dito. Em definitivo.
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