Deste alado rincão donde
luz da colina vale beija
páramo de pedra olha o céu
brota Garanhuns de um súbito
faça-se de Deus verbo e pedra
como brota brisa
ou pássaro anun
da brecha ereccion
ou surja da brenha de pedra do planalto
da majestosa Borborema.
Ele esboçou sinuoso Artista
quedas e levantes
coreografia de ave e chã
e de Seus suspensórios de pássaro elevou
alto alado lugar que de chama
Garanhuns.
Advem a beleza do cálculo de sibilas
e do espumoso esperma de Zeus
do testículo móvel dos etílopes
ou das sandálias de Empédocles
advem a beleza do viço triste de Ovídio no exílio.
Estátuas de sono névoa lapida
traz à tona límpida
sua marmórea ressonância
o peso da sombra paira
em suas pálpebras de pedra e baila
sobre silenciosos dorsos dos dardos
do destino imersos na madrugada do instinto.
ANTES
Antes que o crepúsculo nos dilacere
e surdos ardores se dispersem
antes que a noite contorne
oprima o espírito
vamos ao amor urgente, amiga
e solitária ainda, sem temor ou remorso.
EPTÁFIO DO MILÊNIO
No mármor da amargura
deixo inscritos a ilusão e o desespero
e no ar esculpo sonhos
com cinzeis de cinzas.
DÁ-ME MIL BEIJOS, E DEPOIS CEM
DEPOIS MAIS MIL. E AINDA CEM
(Catulo, vate latino, de Antes de Cristo)
Vivamos e amemos, sabendo
que um níquel vale
os murmúrios dos velhos mais severos.
Sóis podem morrer
porém a aurora escreve sempre
claro nome sobre
escuro corpo do homem
sobre olhar humano.
Estrelas fecham as pálpebras
reabertas pela noite atenta
a álgebras puras se abrem
como rosas quânticas
na areia branca.
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