Enquanto te ensaboava vi a espuma
lasciva descer sobre tua bendita racha
e os flocos de sabão pendurados nos
metálicos e azuis fios dos pentelhos
pareciam alegres (felizes de tal sina branca).
Aquele ventre amado e casto
parecia uma amêndoa do oriente.
Cada átomo de água bicando do seio
assaltava de gozo meu olhar
esgazeado e ereto como um falo de luz.
O escorrer sobre teu pelo era árduo
e magnífico porque blasfemo vício da água.
O de te ver molhada como um anjo na chuva.
Num gesto reflexo colaste a concha da mão
sobre a cona, o grelo brilhou... e quase morri.
Lampejo de gozo amealhou.
Nunca vi uma palavra morder o lábio
como quando disseste: está frio.
E te cobriste comigo.
{jcomments on}