O estreito (e impune) espaço tumular
leito sem fôlego do escuro caixão (onde nada adianta
remexer ou protestar)
é tua eternidade
companheira desta noite à beira do cemitério aceso leito
assim que te íris transferida
morar na cidade defronte.
O que isso custará ao tempo? Um centavo
alguns dias, parcos anos senis, um dólar moribundo
ou um euro fracassado qualquer?
A cova, amiga, é tua realidade e túnica
neste mundo sem piedade, nesse trânsito
engarrafado que chamam vida.
O túmulo é o teu fim real (e plural, não singular).
O fim metafísico é puro embuste (logro de Deus
armadilha da filosofia, consolo da natureza).
O estar morto, atentes, não é um modo provisório de existência
(passagem ou ponte para o outro lado do nada?)
mas, sim, uma situação eterna, irrecorrível.
O inverso é mística invenção de algum mártir.
E o panorama lá dentro é de mero verme.
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