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Dom, Ago

Poemas
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O estreito (e impune) espaço tumular

leito sem fôlego do escuro caixão (onde nada adianta

remexer ou protestar)

é tua eternidade

 

 

companheira desta noite à beira do cemitério aceso leito

assim que te íris transferida

morar na cidade defronte.

 

O que isso custará ao tempo? Um centavo

alguns dias, parcos anos senis, um dólar moribundo

ou um euro fracassado qualquer?

 

A cova, amiga, é tua realidade e túnica

neste mundo sem piedade, nesse trânsito

engarrafado que chamam vida.

 

O túmulo é o teu fim real (e plural, não singular).

O fim metafísico é puro embuste (logro de Deus

armadilha da filosofia, consolo da natureza).

 

O estar morto, atentes, não é um modo provisório de existência

(passagem ou ponte para o outro lado do nada?)

mas, sim, uma situação eterna, irrecorrível.

O inverso é mística invenção de algum mártir.

E o panorama lá dentro é de mero verme.

{jcomments on}

Murilo Gun

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