Nu saí do ventre mãe
nu vim do úmido útero
para o trânsito (engarrafado
do perigoso mundo)
nu irei direto a pó (após nada)
escafeder-me do tão fugaz
e cruento da terráquea vida
nu abominarei céu vagaroso (e exigente)
e a sereno inferno irei contente
e nu descerei (de volta) à cova ínfera
feroz (úmida de vermes vivos ávidos de minha vida)
inverso (e complemento) do útero vital
da natal e viva residência à residência da terra vã
(sob uivo também vivo do bacilo)
a inferno pai irei sim
ao me desimbilicar de vez.
Sem ressarcimento, ressentimento ou ressurreição irei
e nu
à cova, útero da terra mãe.
(O céu é asséptico e muito populoso
- de antigos santos e caritativas madames idas
desde há muito interdito
a almas modernas).
{jcomments on}
NU (TRÂNSITO)
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