02
Sáb, Ago

Poemas
Typography
  • Smaller Small Medium Big Bigger
  • Default Helvetica Segoe Georgia Times

TÁBULA DEDICATORIAL

Aos sais cerimoniais e às rimas fáceis

ao zênite que sorri das alturas

ao oriente noturno, ao norte da treva

ao nadir do nada, ao devoto da dúvida

 

 

à familiaridade convexa dos morcegos

às glândulas exócrinas das abelhas

à lua das esquinas áridas, aos ávidos da vida dúbia

aos árduos códigos da náusea

às carências essenciais

às carícias de cerâmica

às moções carnívoras

ao fútil lume das celebrações

aos tribunais iníquos

às múmias ridentes

aos serenos abismos dos anjos

aos ístimos complacentes

às marés rurais

às mãos vinícolas

à retorta natal

aos candelabros burlescos

aos turíbulos dos sábados

às sumas cadavéricas

ao laudo das larvas

aos gusanos que nunca agonizam

aos sais terríveis da morte

  • Lua de esquife orienta bêbados

 

©  ©  ©

 

  • O lume das celebrações é fútil

 

©  ©  ©

 

  • As moções são carnívoras

 

©  ©  ©

 

  • Todos os capitães são insones

 

©  ©  ©

 

  • E os tribunais iníquos

 

©  ©  ©

 

  • No poço de um vitral dois anjos exalam luz

 

©  ©  ©

 

  • As carícias são essenciais aos elefantes africanos

 

©  ©  ©

 

  • Os ístimos são complacentes

 

©  ©  ©

 

  • São terríveis as marés rurais

 

©  ©  ©

 

 

 

 

 

 

 

  • Os turíbulos são caridosos (e burlescos ou nebulosos)

 

©  ©  ©

 

  • Os sumos, cadavéricos

 

©  ©  ©

 

  • Candelabros tempestuosos

 

©  ©  ©

 

 

  • Súmulas são prolixas (e vorazes)

 

©  ©  ©

 

  • As sumas são íntimas

 

©  ©  ©

 

  • Os somos, dispersos

 

©  ©  ©

 

  • O fetiche é um substituto para o pênis de Freud

 

©  ©  ©

 

  • Um súbito colóquio de centauros barrocos

 

©  ©  ©

 

  • A fidelidade tem fronteiras (ultrapassáveis)

 

©  ©  ©

 

 

 

 

 

 

  • A morte detesta cerimônias

 

©  ©  ©

 

  • Hecatombe de touros centenários

 

©  ©  ©

 

  • Crescente lua a morte corteja

 

©  ©  ©

 

  • Zênite é fetiche

 

©  ©  ©

 

  • A morte te dá os únicos pudores

 

©  ©  ©

 

  • No joelho de uma febre vi tua face

 

©  ©  ©

 

  • O degrau da fama é o res do chão

 

©  ©  ©

 

  • O ódio se espelha na sombra dos príncipes

 

©  ©  ©

 

  • De Gales vem o látego e a pompa

 

©  ©  ©

 

 

 

 

 

 

 

 

  • Príncipe vão, rainha cava: urra o reino

no enterro da tarde magnífica.

 

©  ©  ©

 

  • Depois de inúteis milênios, o poema

crisálida de papel

 

©  ©  ©

 

  • O pátio branco dos sujos hospícios vomitava

em cada domingo inglório.

 

©  ©  ©

 

  • Amor público vende-se nos prostíbulos diários

nos gabinetes do senado vende-se incúria aos sábados

 

©  ©  ©

 

  • Resvalo pela tarde como

um cansaço na piedade de um declive

 

©  ©  ©

 

  • A ambrósia da lisonja embriaga

tanto quanto a cocaína da inveja

 

©  ©  ©

 

  • Os enterros são lentos

a morte é rápida

 

©  ©  ©

  • O apogeu se joga da mais alta das janelas

ao regaço da derrota

Murilo Gun

Inscreva-se através do nosso serviço de assinatura de e-mail gratuito para receber notificações quando novas informações estiverem disponíveis.
Advertisement

REVISTAS E JORNAIS