Ama o doce macio e a sombra fresca
do milho (a bonecar o brilho)
devoto da mística inconsciência
e do rumor branco do bocejo rude
e franco, do olhar secreto
e da selvagem íris flui
luz ovalada e veloz
da treva lá fora resta uma horda
a Érebo olfato negro devota
e à fúnebre servidão do dono se dedica
sepulta o sonho e recolhe
esfinge a brisa egípcia
faíscam dentes presa
da incrustação das mandíbulas
sobre escura voracidade plena
cintilação macia da amêndoa pupila.
Se estende ao rosto fecundo
da injustiça árdua de Anaximandro.
Abril 2013
COMENTÁRIO À ALTIVA SERVIDÃO
VCA burla o tempo astuto Ulisses.
e ríspido tenta
consegue até extrair todo
todo o sabor do texto
numa voragem inaudita ainda
de proliferação terminológica vital
de escritura sem incenso que ovule
e gere o mais impreciso possível
texto poético insofrível
cuba de ovos de verbo
a indelimitar alma e página
Vital é implausível contudo
nesse poema inacabado e puro
nele a forma é condição vital
do conteúdo.
NOTA: Observe-se que no texto comentado, a ambiguidade é intencional e pura. Preza-se uma irrecorrência de sentido. É vital poeta não estar nada consciente do sentido, que outros (críticos, leitores) encontrem em seu poema.