Não é uma construção formal nem artesanal, algo de hábil lavor e formas inquestionáveis, exatas como uma bomba A.
Não é uma imagem (ou reflexo) direta das disposições psíquicas ou mesmo fisiológicas do (mau)dito poeta. Isto é, está fora do âmbito psicológico.
Não é explosão incontida (que só a página contém) de emoção de alguém, qualquer ou não.
Não é também, jamais um reflexo da situação ideológica (política), econômica (pobreza ou riqueza), religiosa (epifania súbita), social (profética) ou cultural (com desconto à poesia popular legítima). Talvez.
Não é, igualmente um determinismo genético, nem o fruto de palavras produzido por doçura de mocinha, bem educada, meio carola, lânguida, que ama a família... e de súbito “faz” poemas inspirados.
Em suma, PA não endossa as concepções de poesia fundadas em formalismos, mimetismo e inspiracionismos quaisquer. Nem é produto de determinações expressivas ou sociológicas.
A poesia, em sua acepção maior é uma obra de arte literária (não gráfica). Como tal, é um signo (ígneo), porque funciona como mensagem num modo a específico de comunicação (estética).
Com o desprezo (não no Brasil, obviamente) da concepção metafísica da poesia como categoria do belo dito ou escrito, a poesia passou a ser do âmbito do signo estético.
A pintura moderna (deformante como dizer, porque deixou de ser belamente representativa ou figurativa, as artes visuais (não selfies), a música (não o ebola em forma auditiva da sertaneja a destroçar a música brasileira), o cinema etc baseiam-se em diferentes materiais, modos de significação, suportes ou canais, porém como Arte (não de massa ignara) constituem uma intricada rede de comunicação, em cada uma mantém sua especificidade característica.
É nesse contexto que se enfatiza a natureza estética (e não meramente educacional e popular) da literatura poética, que é parte integrante e vital da cultura humana. É desprezável dizer: vamos seguir essas instruções em forma poética (de versos), que fica mais fácil o entendimento. Acho.
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