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Dom, Abr

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Percebo meu (mal) leitor (ileitor ou aleitor) quando da aleitura do meu (bom) poema: a beleza não é fácil, ele pensa... e para na segunda página, à margem da segunda folha.

O egoleitor é frágil, medroso, idIota. Valorizo tal leitor a ponto de complicar o quanto o poema (et pour cause sua leitura). Escrevo (eu, o id) para (completo) seu desconforto (do meu improvável leitor ególatra) porque não quero leitor fácil, id-otando em minhas negras páginas de sombras vastas. Quero leitor complexo, esforçado ego agudo que derive comigo e (i)delire mais do que eu (o outro, o doido id poeta destro). Leitor que me derrote, encrave bastamente em mim suas botas, me desrecalque por inteiro.
Não desista e entregue os pontos (ou prantos reais ou românticos). Quede-se de quatro ante neoposmoderno poema (prato do id). O pior leitor é aquele acostumado a leituras de botas parnasianas da atrasada couraria do retrasado século XIX, habitado de arrumadinho delicado de rima no facilitário poético apaixonado e casto, viciado em sentidos já mastigados embolorados, empastado de saliva condoreira. Sentido quase deglutido, que “poeta” capricha em facilidades métricas, rímicas, metronômícas, para que “leitor” entenda facilmente, não sobre ou sobreviva mínima dúvida exegética, hermeneuticamente triunfe... e comente... e seja feliz de ego e açude.
Tal felicidade (egoica) jamais propicio (dispara o id guerreiro malvado) a leitor (?) meu. Dispenso “esse” leitor (chorão). De leitura sem viço, cega, concreta, de leitor estático, estacionado no tempo não contemporâneo de si mesmo. Leitor (egoísta) daqueles poemas que já se sabem o que são antes se sê-los... e está certo. Coitado.

Murilo Gun

 
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