Do umbral da sombra tímido
luz da algema oscila
ao longo dos cubos do sangue
do deserto ápice da brenha de areia
náufragos épuras feridas gritam e o eco
dos oásis se derrama como sêmen
sobre panda garganta
enquanto brotam altas espáduas de tempestades
e lâmpadas simulam iluminam
tornozelos tristes do verão amaro
esporeando a pele como lento cavalo
enquanto hastes litúrgicas grangrenam furiosamente
e miragens de argila alçam-se
das tendas das dunas rastejando
a sábados abandonados.
Enquanto abôbadas cerradas aquilatam
as curvas exatas do céu findo o poema
enquanto.
Auroras de muros, sal lançado
sobre olhos anônimos.
Comboio de constelações perdido
nas estradas selvagens do céu.
O surto dos efeitos escuros
a amágama de treva e fenda
sobre as sombras que somos estabelecida.
A espera do aborto o zeloso e crasso
cão cérbero se arrasta
mas o pai éter não acata
suas cabeças e senis maldades.
Acumulo de auroras desmesurando
auréolas de luzes em expansão vital
para aprazível canto propiciar
aos mais profundos e dissonantes e escuros
a noite se construindo de dados claros
a ornada de vestígios impuros
vinho resolve a vontade, sede atiça o ser
devolve o sentido todo o plural celeste
todo o coro do cosmo ao poema se apresenta
em torno do sentido do voo de abelha.
Colheita de porcelana ou frutos avaros
na mesa da palavra. Só restam
então embriagados dias, luz de afã
e noites de infinita lã.
Arenque aos saltos assusta o planalto
o anagro equino atravessa o silêncio
lâmina a lâmina, sal a sal
a candura feminina doma continente escassos
rumor de clavícula páramo embeleza
fagulha de cone embosca músculo do abdome
Pégaso agudo do ar vísceras fustiga
soa como crótalo luminoso intestino do cacto
sílabas de alumínio crocitam na lauda vândala
e metal das aliterações pareja a página
rocim rocinando sela o relâmpagos agrário
raio cruza o prado, empoeira o céu
couço o nitrir das narinas convulsas
dos cavalos alucinados do poema escoiceando
as rédeas solta da malévola leitora.
A ferócia troveja, o feérico sobeja
a carótida do rei agoniza em praças pública
ofegantes castilagens resfolegam
insaciável tropelin esporas do grito abaúla
nu confim espreita início aceso.
Pedradas virgens inda aberta e o pelo das ravinas
nelas o ereto tropel de cavalos alucina
rosas viris, cios poderosos e óvulos de éguas
intumescem veias e apodrecem hinos
centauros enlouquecidos da volúpia do conflito
do certame atropelado por alvorada de cascos
e ciúmes de deuses estrebucham no domicílio raso
rebentam pássaros; cansaços vibram
vórtice dos cabelos agitando a brisa.
Abelhas emboscam embolias (violas gilenciam)
marés de crinas flutuantes se unem
a flatulência de obesas madames (que uivam
com a dor dos lipídios intranscendentes)
como incêndio de bandeiras sobre ombros
ou palavra atropelando o poema raso
é o cavalo do verbo galopando a página
o bronze das esporas marte alando cabelos
omoplatas poderosos em revolta
e músculos rebelados em liça ou choque
com a máquina da estultícia deixam
nervos do dorsos em delírio o curvo
chicote de relâmpago ama saraiva de zinco
.............. de tempestade aliena
a escura do sacrifício.
Maravilhoso é o fervor do verbo gestando poesia
o lastro da metáfora lançando ogives de imagens
rédeas soltas do dínamo da imaginação
a as sílabas do apocalipse
maravilhoso o fermentar da palavra humana
assentada na página branco útero
do poema absoluto
sublime teor poético desencadeado
apregoando o futuro do verbo passar
vazado em delírio eterno (para delíquo do tempo)
demiúrgica vertigem movendo a realidade
toda a esperança da poesia incitada
maravilhosa irrupção do eterno na lauda
a potência do ser atualizada não se sabe
em consiste, o que outorga quanto êxtase
desarvora.
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