Insígne, rápido, de malícia e cálculo
bala e gato, tigre lança seu hálito
feroz destreza arma, engatilha
medo no gesto da (presa)
fluxo de sua face assassina
espelhado no rosto da vítima.
Jato de horror deixa na alma do jângal.
Pegadas de dor na carne, arma de temor.
Tigre lança seu urro, sua sina
todo o peso do seu instinto instantâneo
sobre indefeso, ávido, venoso,
alvo pescoço área cilíndrica
cárnea, viva, torneada
onde planta sua mandíbula exata
garra que o sangue e fecunda, alastra presa
onde músculos poderosos acionam a dentada
(ou fêmures estraçalha quando
a linha da cintura ataca).
Mandíbula exatas, precisas como alma.
Ao derredor da dor garras
(que não são azuis)
apalpam com calma violência trêmulo
corpo da vítima – verso da alma – que agoniza
sufocada, temerosa, indefesa, uterina
(em trânsito para o nada).
(poema ao hábito jugular do tigre).
Poema às cores do grito.
Oblíquo limbo onde vigilam luas de adeptos
do tigre e fuzis da palavra meditam.
Com urros brancos, dentes púrpuros
raias de sangue do olhar coalhando
a medo no coração dos homens
com rituais sais de grito e véus listrados
tigre lambe o rajado dia
povoa noite de estupendo temor
(deixa Borges bêbado de êxtase
do seu trêmulo labirinto sem cor).
À espera da vitória do minotauro.
Lanças de volúpia é quando
adepto do tigre toca
rajada, rápido (e de joelhos ora
ao deus felino, à cor coral
móvel como o verde da selva
antes de entregar a alma
como a carne estraçalhada ferocíssimo
à terra listrada com sangue
ferocíssima sede.
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