Sobre velórios cai fria lágrima
temor vivo se alastra
se espalha náusea
Sobre velórios cai fria lágrima
temor vivo se alastra
se espalha náusea
Noite dom féerico, traste escuro
janela para ler estrelas, considerá-las todas
e contemplar a alma de que é irmã
Leveduras de ser, vargens, vozes, veludos
vozerio de gafanhoto e navio
primaveras adiadas, lacustres andorinhas
Silêncio de garça é branco
Alma de etílope leve como vento norte.
A oeste do paraíso está o inferno.
Através da veia vem o poema
direto à página suja da vida
se locupleta do insosso leitor
Fogo heráldico lentamente consome
nobres esquálidos.
Os poucos que restaram.
Creio em geometrias moribundas
esculturas de sarças fumegando
ladainhas de urze sarracena
No cálix de tua sede busco
regalo de dor, ápice do amor úmido.
Poemas são palavras espetadas na cerâmica do céu.
Palavras desesperadas por um sentido ou
luz macia (como doces para bocas)