Erra o poeta (escritor) de hoje (e o de ontem idem) para quem desenvolvimento e mudança em poesia seja algo superado ou mesmo não exista. Para estes (coitados) a poesia é algo bem (mal) acabado.
O poeta não preenche uma forma pronta (fôrma), segue um pleno fixo, porém cria e descobre um novo mundo do texto, por sua própria iniciativa, enquanto avança página a fora. De modo tal que o texto poético que vá a ser não é o já dado por outros com mínimas variações métricas ou rímicas. O poema não será conhecido até que o último ponto (fio final) seja dado e desatado. De um só verso ou com nove mil, trezentos e trinta e três o poema é peculiar.
O poema deve ser apropriado pelo processo criador e deve ser uma crítica veloz e feroz de todas as velhas formas (superadas dialeticamente). Em especial, as formas mecânicas, descricionistas, moralistas, de participação social (besteirol).
Nada de mecanismo poéticos, nada de mitologias rímicas (tudo pelo pé quebrado). Tudo pelo texto orgânico, mesmo biológico. O texto como vir a ser em processo dialético constante em que o passado está incorporando e superado. A poesia absoluta é só uma nova etapa formal da poética histórica. Numa visão diacrônica, a poesia absoluta é etapa necessária.
Tudo está em movimento criador, em ato, em processo, em avanço desde um potencial, formas em transmutação, como as civilizações. A poesia absoluta não gera necessariamente um poema obscura, abstrato, caótico com relâmpagos de compreensibilidade e lucidez ou aparece sempre como algo inapreensível.
É o que deve ser nos dias de hoje. A realidade não está fora da mente. Ou vice-versa. A ação poética não se encontra em um mundo ideal da contemplação ou num mundo menos real. Ela é real. E humana. Apenas reflete o mundo, seu status quo e o homem situado no mundo. E o ser no vir a ser.
