O edifício da desconstrução (não a raiz da inconstrução), edificar o desconstruto, é empresa vital à modernidade, hoje.
A desconstrução transcende a todo o construído. É o complementar (ou a conclusão) da construção. Dois ensaístas de qualidade, professores da FAMASUL, Admmauro Gommes e Marcondes Calazans, elaboraram preciso trabalho sobre tema atualíssimo da desconstrução. Calazans, mestre em história, demonstra que foi Marc Bloch, historiador francês, quem lançou o primo olhar desconstrutivístico à história, empreendendo a tarefa de desconstruir a empresa historiográfica firmada no positivismo de Comte, propondo sua superação através de um novo método, não mais metafísico, porém dialético. Calazans precisa: a História não mais se estende apenas aos fatos, mas enfatizando a consideração de sua problemática, aliando-se a outras áreas do conhecimento.
Construir a desconstrução tem sido tarefa vital e primorosa dos que sabem que precisam contribuir com a evolução do conhecimento, as mudanças transitivas, mesmo, contra óbices e resistências conservadoras ou não, e, em especial, contribuições em prol das rupturas necessárias ao desenlace do processo evolutivo da história e da vida.
Uma característica básica é que o processo de desconstrução positivo implica em descontinuidade ou supressão ou transformação de elos e ligações, desde que continuidades tendem a reproduzir estados anteriores mascarados de mudanças. Eis aí a cilada que o termo evolução histórica carrega. Igualmente a revolução. Transrevolução ou revolução, via desconstrução e reconstrução de ordens, tipo edifício de ruínas, seria adequado. (?)
O ensaísta M. Calazans promove uma análise sucinta e atenta ao livro de Marc Halévy: A era do conhecimento. Magnificamente, Marcondes Calazans finaliza seu trabalho com palavras de ordem: interdisciplinar o conhecimento, desconstruir para construir (o que não é tão óbvio como parece), descontinuar para continuar, desconstruir é preciso! E conclui: a problemática histórica reside em determinar o momento (a história temporal ideal ou madura) para começar a edificar a desconstrução: é preciso e arguto, isto é, sábio e necessário.