02
Sáb, Ago

destaques
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Quero experimentar o crepúsculo dos olhos

(com comoção olhar a íris enferrujando)

a experiência de visão final (nítida)

o the end do eu (que não sei se dói)

do outono dos cabelos, da rebelada pupila

o descalabro vermelho, a fauce fala

do abismo, o esgar profundo profanar

céu inútil olhar

do ultimo balcão do mundo.

Pátios desabitados, deixar enlouquecendo

implorar por claustros infectos

mulheres, comê-las como se come pão

de lírio em outubro a ouvir rosáceas

esbravejar chusmes de vitrais

ou casulo de catedrais a beirar Deus.

 

e gôticas fragnâncias suspirando

dos agonizantes dias de hoje testemunhar

a queda apocalíptica, o desastre da eminência

como pároco último pecado embalsamando

com o analgésico ultima febre desbastar

Ou jorro de faróis lançar-se como vômito

impetuoso sobre máscaras escuras

a seda dos olhos a hora esmagar

como a osso de abelha mandíbula de crocodilo.

Contemplar o abdome da morte sem lasso ou lapso

assistindo a báteges de esperanças desaparecer.

Tudo o que imundo de escuridão o olhar

tudo o que não mais comova o coração

todo o pó neste inutilmente(até que o pó

 

Mercantilizar a piedade seria a solução

outra, atenuar o suicídio das rosas

ou incêndios de lírios atear.

Deixar cirzes arder. Unguentos dizimar.

E cruzes espalhar sobre o verão.

A incertos poentes oferecer sombras

penitentes e obscurecimentos pastosos da luz.

A rostos impor círios.

A alma expor martírios.

Com noturnas rosas salpicar os olhos

Adusar com brancos prantos

cemitérios de nemúfares

Ânforas de   sol    marfim   sacrificar

á sede dos desertos sem glória.

 

Proibir gritos perante cegos silêncios

preito de luz negar a moribundos

a agonizantes facilitar o parto

o útero do nada escavado a brilhar

desbastí-lo melhor (o talude do êxtase).

Cada hectare de culpa abubar de perdão

ou desculpa para que a morte se apresse

e seu hálito de desalento frutifique.

as pequenas metáforas estripar.

Metafísicos sem destino ou inúteis podar.

Amor ao tempo deseleger.

Descrer de profetas persas.

A brâmanes dedicar sábados.

Tudo e mais a usura da palavra prover.

 

O útero do abutre é risonho.

O rir da treva escuro.

O céu dos pecadores reversara a culpa

O ombro dos deserdados é curvo.

O peso da mão de Deus ávido.

O amor industrial do eço afetivo

pleno de alicates cívicos( e ósculos tristes).

Depois do crepúsculo, além dos ocasos de pedra

encontro (embora não busque ou sonhe)

o poema parido ( no aquém de palavra).

A prata dos espúrios magnifica a praça.

A usura da vaidade, a coragem da glória,

A apreço da carne, o estipêndio

que devora o espírito, tudo é válido, voga.

 

Á noite autos se barateiam enquanto

murgem os semáforos ( e a avenida crus brilha)

O astigmátismo voa. Rosáceas de luz ( e névoa de zinco)

estraçalham os olhos.

A espressura da íris avulta

sombras pastosas e iluminadas se rasgam.

Pérgulas lentas eriçadas de lírios violentos,

residência de flores carnívoras e usura

se espalham como palheiros de agulhas

ou colírios de argueiros.

Habitados de lábios umedecidos de ira

teus beijos me devoram

(a boca e o falo).

 

Domingo de alumínio

num parque plástico desfrutei.

Na cantina após a igreja

barman anjo me serviu

duas hóstias e um cálice de sangue

e ador: bebe e crerás na ebridade de Deus.

Creio na  eternidade  branca  da página

na alma da  linhas

Na ressurreição da palavra.

na libertação do verbo

No  barro da poesia.

Não creio na água nem na morte.

Nem nas febris  silabas do pesar.

Nem no cântaro das sereias do asfalto.

As custas das contradições são altas

rótulas de aquiles estocadas

nos túmulos esquerdos não mais atiçam brilho

das graças frias.

Almanaques feridos, a veia do tempo exposto.

Sombras do mar da memória espreitam

as vértebras lentas da lembrança

da ira amorosa  da vida e      cloacas    meditam

sobre a fétida beleza do intestino

do mundo à espera que enganos e dores nos curem

 e odes a navalhas estupradas alteiem-se

ou incineremos o papel e o poema, a verdade e a máscara.

Só à velha morte vida deve

átimo em que floresce.

A abstração que perseque.

  

Do livro 2022 ( EU, O ID)

 

 

 

Murilo Gun

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