02
Sáb, Ago

destaques
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Peixes ouço a pratear água rápida

uivos sãos dilaceram-me tímpano vão

escuto confissão de um radar irmão

secreta emulsão de litúrgica eletricidade alemã

ou escamotear líquidos sólidos de uma pilha

da alma geometria de víbora.

 

De tuas mãos ebúrneas esbórnias correm

algo nu me arrebata côncava noite alta

pela nua cintura me fixa como pústula

círculo de febres e súplicas me protende

atra sibila me aferra a sina

gonzos dos portões do paraíso me enlouquecem

o sino e o martelo como auditivo precipício soam

até que vácuo luzidio me empunhe

nome como anônimo troféu.

 

Se o tempo é plúmbeo, por que não morro?

2002

 

Murilo Gun

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