Estandartes abatidos (pálidos)
vencidos baluartes (no chão estendidos)
cenas pontiagudas, muralhas em pó
ruínas desertas, vozes vazias: vitória.
(E heróis apodrecendo eternamente).
Na ficção é preciso sustentar
até o fim (e desde o começo)
a ilusão de ser.
Ilusão de ser de fato a vida
ilusa realidade de ser.
Na poesia grito não espanta
matilha de silêncio.
Lampejo de vozes é (enfim)
lampejo de sombras (de mim).
Aves deixem no ar o som
de suas asas a voar entre a tensão
dos altos fios os vultos alados.
Por razões que coração conheça bem.
Veloz Flagetonte horríssima
rocha circula, sombras deambulam
dos meandros da água brotam frios ou luz pálida
e tudo se corrige quando Caronte para
a barca suspensa na lagoa coagulada
para se alimentar de asfódelos jovens.
Algum grego que ofereça moedas de lágrimas
em forma de drácmas, o barqueiro exige
óbolos sublinguais de curso fluente no inferno
de Wall Street.
Ou cinéreo deutério
(da cinza dos príncipes)
como passaporte
para o ínfero cemitério.