02
Sáb, Ago

destaques
Typography
  • Smaller Small Medium Big Bigger
  • Default Helvetica Segoe Georgia Times

Meditam velhas tumbas

sob ósseo silêncio de mortos

sobre limo fugaz

sobre lodo da dor jaz

poeta e sua hora aviltada.

poeta e sua terra desolada.

Desertos ossos inumados

de mortos antigos abandonando o pó

jazem à flor do chão

vagam obliterados

pela incúria dos vivos

a desprezo do descaso.

(Baudelaire dizia: Progresso

se mede não pelo aumento

de lâmpadas a gás de Paris

mas pela diminuição das marcas

do pecado original na alma francesa).

Levaram putas a Elêusis

 

sentaram cadáveres no banquete de Platão

jogaram testículos0 de papas no Tibre

iluminaram coitos noturnos com piras de cadáveres

vísceras dos escravos glorificaram

a mando da usura

(em nome do Progresso

a pedido do Destino).

 

 No Foro ergueram canil de ouro

para cadela sarnenta do Êxito.

 

Sim, íncubos súditos, súcubos íntimos

súbitos glorificam ao Nada, oficiam

no santuário nu, na ágora pudica se picam periquitos

e porcos fuçam cabelos de Diotima.

 

Não, o poema é de mostarda e de lentilha

de abelha o rosto da estrofe

de baunilha o aroma da rima

tema a queda dos homens

das latrinas elegantes de Nova Iorque

ou nos amarelos prostíbulos de Amsterdã.

 

 

 

 

Murilo Gun

Inscreva-se através do nosso serviço de assinatura de e-mail gratuito para receber notificações quando novas informações estiverem disponíveis.
Advertisement

REVISTAS E JORNAIS