Tive em mãos – ao alcance delas – os originais de Ora Pro Nobis Scania Vabis e meus olhos caminharam por bandejas de páginas tintas de poesia como um fogo sagrado queimando velhos aparatos discursivos.
Mais ainda, tomei a ciência sublime de estar sendo o primeiro a verificar – neste imenso painel imagético – a causa de Vital em prol da verdadeira poesia. Vital Corrêa de Araújo avança impetuoso contra a fadiga do metro e a opulência tecnicista do método. Sua ágil palavra poema nascida no id atualiza o poeta como um ser inútil às commodities literárias estabelecidas e até mesmo ao seu tempo, que o desconsidera, para assim não considerar sequer a hipótese da existência de palavra tão dissonante e estranha à linha de montagem da fábrica Poesia S/A.
Ao leitor digo: é preciso estar-se nu, sem as vestes seculares que ocultaram o corpo da poesia e sua beleza de dorso e de alma, para comungar no lume e embaixo e dentro e longe do lugar-comum, o que Vital Corrêa de Araújo desencadeia em Ora Pro Nobis Scania Vabis, poema em disparada pelas estradas nordestinas, carregando fardos de auroras e alicerces de sal sem ventre.
Rogério Generoso
Poeta, expositor em cursos de Iniciação
à Poesia Moderna, Fundador do Movimento Poético
Invenção de Poesia, autor de Noumenon e Através