Em poesia
se V. não deforma, copia.
E arte não é cópia (desde a mimese peripatética).
Arte da palavra é inovação
de vocábulo a vocábulo, de i em i, de palmo a palmo.
É como anca fêmea, remexe
e assombra. Faz delirar inclusive. Mesmo.
Saia da mesmice, do ramerrão de rima.
Substantivo, não adjetivo. Saia das adjacências da palavra
urgente. E encare a palavra Poesia de frente.
Ao não deformar ou informar em poesia
- copia. E o pior, rima. Portanto, desrime
e ininforme. Inove, após tanta velharia insone.
Reproduza - com as mesmas palavras do outro
a vida real (e emoções baratas ou não)
de amor, saudade, sal da idade, paixão, carinho.
A poesia deve existir pela poesia
não pela política. (Só Guernica).
Poesia é ficção da realidade. Outra realidade
(de palavras e não de sentidos). A realidade
pode fazer sentido. A poesia desfaz.