Branco e ébrio papel mancha da mácula
culpa da tinta
ósculo da pena na página
lauda de aço (na alma) páramo de relva passam
horas em caravana lassa
eu fco a ver-lhe o fuxo velho
trânsito frágil e eterno
imprescritível cadavérico
vago deserto ermo armado de aleluia e silêncio alto
vácuo desperto inviolável destino (parco)
da página em branco reluzindo
fervor extinto escândalo
(que parca comemora
com alvura).
(Carta a Verlaine Mallarmé:
Vi-me obrigado a fazer em momentos de fome
ou para aquisição de ruinosas canoas
trabalhos úteis e eis tudo
o de que convém não falar)
(porque trabalhos úteis diminuem o poeta).
Preciso ler estrelas
trem celeste ver
lauda cósmica sorver
com tinta nua via
lácteo pergaminho
de brilho longo
e animal rastro
célico ler
poema dos olhos dela
êmulos das estrelas ouvir.






